Tudo começou com a sessão, no Clube de Cinema, em 1960, de “O Cinema Interpreta as Artes”, na qual foram exibidos os filmes “Rythmetic”, “Hoppity Pop” e “A Little Phantasy”, de Norman McLaren. Vaccarini e Lucchetti ficaram tão impressionados que resolveram realizar eles também esse tipo de cinema, que não era desenho animado e sim cinema experimental. Isso depois de vararem uma noite toda estudando a técnica de Mc Laren: cinema com câmera (quadro a quadro) e cinema sem câmera (desenhado diretamente na película).
Como o negativo era caro, Lucchetti conseguiu com um estúdio fotográfico que filmava festas, casamentos, batizados, que lhe doassem as sobras não aproveitadas na montagem. Eles então limpavam a emulsão da película e trabalhavam diretamente sobre ela.
”Em alguns desses filmes o Vaccarini pintava toda a película, sem obedecer às divisões dos fotogramas (uma vez que não eram películas virgens)”. (Mauricio Squarisi. O Negativo, Entrevista com Rubens Francisco Lucchetti. 2007) Depois de secos, Lucchetti trabalhava neles com estiletes, para criar efeitos de movimento. O resultado final, que nem eles sabiam qual seria, dava a idéia da formação de um quadro abstrato.
Lucchetti se correspondeu com Roberto Miller, Alberto Cavalcante, Paulo Emílio Sales, Norman McLaren. Roberto Miller e Norman McLaren fizeram desenhos exclusivos para ilustrar o cartaz do Primeiro Festival de Cinema de Animação de São Paulo, organizado por Lucchetti.
Além desse festival, a dupla Vaccarini e Lucchetti também criou o Centro Experimental de Ribeirão Preto, grupo que se dedicou durante algum tempo às pesquisas no campo da animação experimental, produzindo diversos filmes. Alguns desses filmes foram concebidos no melhor estilo abstracionista, configurando uma experiência única e solitária.
Apesar da força da sua produção, o Centro Experimental de Ribeirão Preto logo se dilui. No entanto, depois de décadas desativado, é retomado pelo filho de Lucchetti, o professor e também escritor Marco Aurélio Lucchetti.
No entanto, hoje o Centro tem outra vertente. Os diretores do Centro, Luiz Paulo Tupynambá se preocupam com a animação para a internet e telefone celular.
Alguns Trabalhos
“Ensaio de Cor Animada” de Ana Sacerdote – 1960
“Tourbillon” de Lucchetti e Vaccarini – 1961
“Vôo Cósmico” de Lucchetti e Vaccarini, que recebeu o Fotograma de Ouro do I Festival de Cinema de Salvador – 1961
“O Homem e a Sua Liberdade” de Ayrton Gomes – 1965
“Rumba” (Medalha de Prata no Festival de Lisboa/1957)
“Sound Abstract” (Medalha de Prata no Festival de Bruxelas/1957, Prêmio Saci de São Paulo e Menção Honrosa no Festival de Cannes)
“Boogie-Woogie” de Roberto Miller – 1957
“O Átomo Brincalhão” de Roberto Miller – 1961/1964
Annabel Lee de Matheus Moraes – 2009
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