personagens de animadores brasileiros

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Animação nos anos 50 e 60 no Brasil


Roberto Miller, precursor de uma nova corrente dentro da animação brasileira, vai explorar a animação abstrata e experimental. Seus trabalhos remetem às obras do mestre Norman McLaren, resultado dos seis meses de experiência no National Film Board do Canadá; o colorido e a exploração rítmica das formas em associação com a música lembram o caminho pesquisado pelo artista Neozelandês Len Lye.
Ao retornar ao Brasil, Miller integra-se ao recém formado Centro Experimental de Ribeirão Preto, fundado por Rubens Lucchetti e Bassano Vaccarini, produzindo filmes com desenho direto em película e utilização de tintas plásticas.
Entre os filmes que fizeram parte do I Festival Internacional de Cinema de Animação no Brasil, em 1965, estão diversas realizações do Centro Experimental de Ribeirão Preto. Constavam no programa: “Ensaio de Cor Animada”, de Ana Sacerdote; “Tourbillon”, de Lucchetti e Vaccarini; “Vôo Cósmico”, dos mesmos autores, que recebeu o Fotograma de Ouro do I Festival de Cinema de Salvador; “O Homem e a Sua Liberdade”, de Ayrton Gomes; “A Lenda da Vitória Régia” e “Gorila”, de Yppê Nakashima; “Uma História do Brasil, tipo Exportação”, de Hamilton de Souza, produzido pelo recém-fundado grupo Tan-tan; “Rumba” (Medalha de Prata no Festival de Lisboa/1957), “Sound Abstract” (Medalha de Prata no Festival de Bruxelas/1957, Prêmio Saci de São Paulo e Menção Honrosa no Festival de Cannes), “Boogie-Woogie” e “O Átomo Brincalhão”, de Roberto Miller.
Apesar da força de sua produção, o Centro Experimental de Ribeirão Preto logo se dilui, e Miller passa a dedicar-se à criação de títulos para a apresentação de filmes brasileiros como “Lampião, Rei do Cangaço”, e dirige o programaLanterna Mágica, da TV Cultura de São Paulo. Ainda assim, não pára de produzir seus curtas. Seus trabalhos caracterizam-se pela experimentação rítmica, sonora e formal.
Durante a década de 60, outros filmes animados são dirigidos à área didático/educacional, como “H2O”, de Guy Lebrun (1963), e “Milagre de Desenvolvimento”, de Alain Jaccoud (1968), que mostra a possibilidade de desenvolvimento de um país através de esforços conscientes do governo e do povo. Surgem também animadores que vão dedicar-se à produção publicitária, como Wilson Pinto, criador do Petrolino, da Petrobrás, e animador das atuais vinhetas da Rede Globo; Ruy Peroti, criador do tucano da Varig; e o próprio Guy Lebrun, criador dos personagens do Arroz Brejeiro. Nos anos 70, a produção se intensifica e concentra-se em São Paulo, com os estúdios Briquet Produções, Daniel Messias, Walbercy Ribas e Maurício de Souza Produções.
Em 1967 é fundado o grupo CECA (Centro de Estudos de Cinema de Animação), por alunos da Escola de Belas Artes, sendo dissolvido um ano depois. Logo, Rui e Jô Oliveira, reunidos com outros animadores - entre eles Pedro Ernesto Stilpen (o Stil), Carlos Alberto Pacheco e Antonio Moreno – criam o grupo Fotograma, inspirado na animação experimental de Zélio “No Caos Está Contido o Germe de Uma Nova Esperança”. O grupo promoveu diversas mostras de animação internacional, lotando as sessões no Museu de Arte Moderna, e mantinha um programa dedicado ao gênero no Canal 9 do Rio de Janeiro. Entre os filmes realizados pelo grupo estão “A Pantera Negra”, de Jô Oliveira, combinando desenho direto em película com animação tradicional e “Status Quo”, de Carlos Alberto Pacheco com animação de Stil (ambos recebem Menção Especial do Júri no IV Festival de Cinema Amador JB/Shell, de 1968), e “A Luta” de Sérgio Bezerra, vencedor do prêmio de Melhor Filme de Animação.
Após a extinção do Fotograma, em 1969, Stil realiza “Batuque”, em que uma figura devora incessantemente a outra, numa dança de mitos e deuses da Amazônia. O filme é uma tentativa de baratear a produção usando papel de embrulho como suporte para o desenho de croquis animados com caneta hidrográfica. Em 1970, Stil realiza em tempo recorde “Urbis” e “Os Filhos de Urbis”, com três meses de produção e o mesmo traço mal-comportado; e, em 1972, produz “Lampião, ou Para Cada Grilo Uma Curtição”, que confronta a cultura popular à de massa (filme vencedor do Troféu Humberto Mauro/1973 e do Candango do Festival de Brasília).
Outros animadores, alguns remanescentes do grupo, vão engrossar a cinematografia brasileira com obras como“Semente”, de Pedro Aares; “Vida é Consumo”, de Ênio Lamoglia Possebox e Hiroqui Ono; “A Máquina de Fazer Amor”,de Stenio Pereira; e “Filme de Animação Sem Título”, de Roberto Chiron.
Em 1971 é apresentado “Presente de Natal”, a segunda animação brasileira longa-metragem e a primeira a cores, de Álvaro Henriques Gonçalves, após três anos de trabalho solitário e ininterrupto do autor. Bem acabado e de estilo incomum, o filme permanece quase desconhecido pelo público, tendo encontrado dificuldades de distribuição e sendo exibido apenas em Santos e São Paulo.
O terceiro longa é “Piconzé”, de 1972, filme a cores dirigido e animado por Yppê Nakashima - artista japonês radicado no Brasil, famoso também por sua produção publicitária. O filme levou cinco anos para ser produzido e conquistou o público com seus personagens simpáticos e cenários compostos por colagens (que davam maior impressão de profundidade).
Stil, Antônio Moreno e José Rubens Siqueira fundam o Grupo NOS. Em 1974, Moreno e Stil realizam “Reflexos”, em que Stil anima a música Dança Brasileira, de Camargo Guarnieri, e Moreno O Canto do Cisne Negro, de Heitor Villa-Lobos, ganhando o Troféu Humberto            






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