Marcos Magalhães foi um dos que iniciaram carreira na década de setenta, com produções como A Semente (1975) e Mão Mãe (1979) então com 19 anos.
Mão-Mãe.
Mão-Mãe.
Em 1976 ele animou Meow!, curta-metragem que traz um gato esfomeado, que, sem leite, é convencido pela propaganda e pela pressão, a beber um refrigerante, a "Soda-Cólica", uma bem humorada crítica à globalização. “Meow!” mostra uma grande cidade invadida por anúncios e pelo som do Plim Plim!, com simplicidade e uma lição de moral bem articulada.
Foi refilmado em 35mm e, em 1981, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes (prêmio especial do júri) em 1982 (o último filme brasileiro a participar da competição de curtas-metragens no Festival).
O filme abre muitas portas, e Magalhães ganha uma bolsa de estudos patrocinada pela Embrafilme e pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior), indo estudar no National Film Board do Canadá, onde tem contato com Norman Mclaren.
Durante sua estada no NFB, Marcos realiza Animando (1983), numa união das diversas técnicas de animação – pixilation, animação tradicional, stop motion, recortes, tinta sobre vidro, areia, massinha, animação direta na película – numa exibição de controle do personagem, do ritmo e do tempo e de domínio técnico. A animação ganhou o Prêmio de Melhor Filme Didático no Festival de Espinho, Portugal.
Em sua volta, após cinco meses no NFB, é responsável pelo Núcleo de Animação do acordo Brasil-Canadá (1985-87), o primeiro centro de formação profissional em animação no Brasil, que promove o primeiro curso de animação, com a participação dos canadenses Jean Thomas Bédard e Pierre Veilleux. Magalhães cruza o país à procura de artistas interessados no curso. A seguir, o acordo instala três núcleos regionais de animação: o NACE, em Fortaleza, dentro da Universidade Federal do Ceará; o do Rio Grande do Sul, dentro do Instituto Estadual de Cinema; e o de Minas Gerais, integrado no Departamento de Fotografia e Cinema da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Marcos criou seu alter ego: um Homenzinho comprido, cabelo vermelho e meio desengoçado. Ele utilizou o personagem num clip musical de sua banda OS Optimistas: Precipitação.
“Precipitação” (1991)
Em 1986 coordenou o projeto "Planeta Terra", filme coletivo realizado por 30 animadores brasileiros para o Ano Internacional da Paz da ONU.
Em 1988 Marcos animou o filme Tem Boi no trilho, que conta a estória de um bezerro abandona a boiada, atraído pelo trem que passa pelo sertão em seca. O que parecia um trágico desastre, porém, cede lugar a um final inesperado.
Em 1993, com Léa Zagury, Aida Coelho e Cesar Coelho, cria o Festival Internacional de Animação Anima Mundi, que torna possível trazer ao país o que há de mais interessante na produção internacional.
Em 1996 coordena o filme Estrela de Oito Pontas, animado por Fernando Diniz, morador do Hospital Psiquiátrico Pedro II há 50 anos. Por seis anos, Magalhães ajuda a realizar o filme que ganhou três prêmios no Festival de Gramado e o prêmio de melhor animação no Festival de Havana.
Entre 1990 e 1995 acompanhou o processo criativo de Fernando Diniz, artista diagnosticado esquizofrênico e um dos expoentes do Museu de Imagens do Inconsciente. O resultado foi o filme “Estrela de Oito Pontas”, animado por Fernando Diniz, com coordenação de Marcos e produção de Cláudia Bolshaw, com o apoio da Bolsa Vitae de Artes. O filme ganhou de três prêmios “Kikito” no Festival de Gramado de 1996 e Melhor Animação no Festival de Havana, em 1996.
Como artista-visitante na University of Southern California em Los Angeles, Magalhães faz, em 2002, “Two-Dois”, animação que une o desenho sobre película ao 3D.
Marcos animou o filme “Pai Francisco Entrou na Roda” (1997)
É o criador e animador do ratinho de massinha do programa de TV "Castelo Rá-Tim-Bum", com música de Hélio Ziskind.
Em 1998/99 realizou, como artista-visitante na Divisão de Animação e Artes Digitais da University of Southern California em Los Angeles, o filme Dois, que combina animação direta na película com computação gráfica 3D.
Em 98 Marcos faz o filme Pai João entrou na roda.
Em 2002 Marcos foi bolsista da John Simon Guggenheim Foundation, com o projeto “Dar Alma”, sobre a realização de filmes de animação por não-profissionais.
É professor de Cinema de Animação no curso de graduação em Design desde 2002 e coordenador do curso de pós-graduação em Animação desde 2004, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Em 2007 conclui o curta Homem Estátua, com a técnica inédita de animação de desenhos de modelo vivo.
Desde 1993, Marcos é um dos fundadores e diretores de Anima Mundi, Festival Internacional de Animação do Brasil, hoje um dos cinco principais eventos de animação no mundo.
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